Se a avareza não fosse tão aguda no mundo, a desigualdade social talvez fosse outra. Quando surgem gestos — como dizer? — genuinamente generosos, merece registro.
Na série “Meu Ayrton” (direção de João Wainer), estreia da HBO Max sobre a história de Senna e Adriane Galisteu, contada pelo olhar dela, a apresentadora — tão humilhada à época — declara pela primeira vez o que todo mundo sabia, mas estava esquecido: depois da morte do piloto, Antonio Carlos de Almeida Braga lhe disse que continuaria a fazer por ela o que Senna fazia — bancando não só Adriane, totalmente desamparada, mas também sua família.
Braga e a mulher, Luiza (que tem participação importante na série), eram muito amigos de Senna, que, apesar de ter uma casa incrível no Algarve, preferia ficar com o casal, em Sintra, onde tinha um andar exclusivo. O gesto de Braga não deixa de ser surpreendente — talvez até incomum — nas classes mais altas.
Procurado, um médico muito bem informado diz só se lembrar de outros três casos, de alguma forma semelhantes e mais ou menos recentes:
- Danuza Leão, sem ter onde morar, ganhou um apartamento na Avenida Atlântica da amiga Lily Marinho — ainda Lily de Carvalho, rica antes do casamento com o empresário Roberto Marinho.
- O consultor de moda Julio Rego, nome destacado na sua área, morto em 2016, viu-se sem condições de manter o padrão de vida; o empresário Eduardo Vianna, o Verde, ex-presidente do Country Clube, cedeu-lhe um apartamento em Ipanema para morar para sempre. Extraoficialmente, depois da morte do Verde, foi convidado a se retirar.
- O empresário Baby Monteiro de Carvalho bancou Jorginho Guinle por um bom tempo. Amigos de infância, Jorginho ficou pobre antes do que previra e sempre foi socorrido pelo dr. Joaquim, o Baby.

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