terça-feira, 8 de maio de 2012

Entrevista de Ayrton Senna para a revista Manchete à exatamente 1 ano antes de sua morte, em maio 1993.




No santuário de Angra dos Reis, pouco antes de embarcar para Mônaco, o piloto Ayrton Senna abriu a alma ao reporter Ney Bianchi.

Conversamos por um longo tempo, testemunhados pela multidão que é a modelo Adriane Galisteu - sua namorada -, uma espécie de rainha dos
pares perfeitos (dois olhos, duas pernas, dois braços, dois seios... e eu
acho um crime ela não ter duas bocas). Meu saudoso amigo
Sérgio Porto - o Stanislaw Ponte Preta - diria que ela é uma mulher para
duzentos talheres, no mínimo.

Raras vezes vi uma pessoa tão feliz e de bem com a vida quanto aquele Ayrton Senna que encontrei às vésperas de embarcar para Mônaco, semana passada. Ele é um cara tímido, quase que acanhado, de poucas gírias e raros palavrões. É gente fina.

-E as mulheres? Como elas entram nesses GPS particulares? Quem canta quem?

Agora ele ri aberto, os dentes curtos e muito claros à mostra. Olha para Adriane ao seu lado, que em um momento de recato, baixa os olhos.

Quando pergunto como é a mulher de seus sonhos, olhando para Adriane ele diz:

"- É a que sabe dividir todos os instantes da convivência, ser parceira em tudo. O lado físico, a beleza, o charme, a inteligência, é claro que tudo isso conta. Mas no fundo, o que realmente fortalece um relacionamento íntimo é a capacidade dos dois de soma, em tudo e por tudo."

Volta à natureza e, quando fala dela com toda a certeza visualiza os paraísos de múltipla escolha que Angra dos Reis lhe oferece:

- O bom mesmo é ir para uma dessas ilhas aí, deitar na praia deserta com a minha namorada e ficar curtindo o mar, o sol, o céu, ter um sensação de vida, de paz, de comunhão com todas essas coisas lindas!

Pergunto se pensa em casar, quando, se antes ou depois de deixar as corridas, as pistas. Responde sem pestanejar:

"- Não há data nem lugar marcados. Quando eu tiver que casar , caso. As corridas não têm nada a ver com isso."

Assim como quem não quer nada, pergunto-lhe sobre fé, crenças,
superstições:

"- Eu creio em Deus. Não tenho superstições nem santo de fé. Só Deus."

- E esse seu fascínio pela velocidade? Como você explica isso? Ri, agora descontraído:

"- Acho que já nasci com pressa. E vivo sempre com pressa. Quando vou
nadar, correr, navegar, esquiar, voar ou competir nas pistas, saio logo
acelerando. A velocidade me fascina. Comigo, começou como hobby e depois virou trabalho, um trabalho apaixonante."

- Quando você não está num carro de F1, andando de jet-ski, lancha, avião, helicóptero, qualquer coisa que corra ou voe, o que mais gosta de fazer?

"- Gosto de fazer amor, sempre. Comida, a trivial. E pra roupa não ligo. Gosto também de andar à vontade, descalço quando
estou na praia ou na fazenda. Adoro o verão, porque no inverno você tem que andar todo encasacado."

Em poucas horas, os dois, Ayrton e Adriane, embarcam para Mônaco.
Este ano, Senna tinha um motivo complementar para ganhar. Não podia fazer vergonha diante da amada, a modelo Adriane Galisteu, que ele levou a Monte Carlo. Adriane roeu as 10 unhas durante as 78 voltas da corrida. Mas, no final, entre um beijo da vitória e outro, abraçada ao campeão, me confessou:

"Valeu a pena!"




FONTE PESQUISADA

BIANCHI, Ney. Retrato de um campeão. Revista Manchete, Rio de Janeiro, Nº 2.147, ano 42, p. 08 – 13, Editora Bloch, 29 de maio 1993.

Ayrton Senna e Adriane Galisteu namoraram um ano e meio. Os dois moravam juntos quando o piloto sofreu o acidente que o matou, em 1994.


2 comentários:

  1. Que bacana!Legal,ele falando da Dri.Ela fala desses momentos jogados na areia em Angra no livro dela.Mais um ponto para ela.
    No YT tem um canal de vídeos,que tem muitas imagens deles em eventos e tals.Se te interessar,é o Sennavídeos.

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  2. É uma pena que estas declarações não vem ao público abertamente. E as pessoas continua alheia aos verdadeiros sentimentos do Ayrton. Uma coisa é a família querer, ex namorada querer ou pensar. Ofato é que ele estava feliz e vivendo um relacionamento amoroso e sendo absolutamente correspondido.

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