Ayrton pilotando seu helicóptero
BREVÊ
O coronel Fiúza, oficial da
Força Aérea Brasileira encarregado de brevetar Senna para helicópteros, estava
tão preocupado, que chegou a ligar para o Nelson Loureiro, piloto e instrutor
de Ayrton, avisando que o teste em São Paulo seria "duro" e incluiria,
entre outras situações de vôo, manobras de rotação a 180 e a 360 graus,
simulação de pane hidráulica e o chamado "pouso corrido", que
acontece quando o helicóptero fica sem o rotor de cauda. Algumas questões
teóricas o próprio Nelson Loureiro desconhecia, ele mesmo confessou, dez anos
depois.
Fiúza estava preocupadíssimo
com a responsabilidade de dar o brevê a um ídolo que, para ele, era um
patrimônio da nação brasileira. Mas a realização do sonho do brevê de
helicóptero foi também uma demonstração do perfeccionismo de Senna. No dia 10
de outubro de 1993, depois de uma hora e 40 minutos de vôo, o chamado check
final do brevê, o coronel Fiúza, segundo Nelson, desceu do Esquilo de Ayrton
completamente aliviado e impressionado com a qualidade do novo brevetado.
Para Owen O'Mahony não houve
qualquer dificuldade na hora de ensinar Ayrton a pilotar. Segundo ele, o patrão
não gostava de se arriscar quando pilotava o jato. Comportado, quando assumia o
comando do avião, era mais para pousar, ao voltar para casa, no Algarve. Ayrton
tinha um código para Owen, quando queria pilotar:
"Ele perguntava: Como
está o vento em Faro? com isso, deixava claro que queria pilotar, sim, mas só
se as condições estivessem boas.”
De acordo com Nelson
Loureiro, Ayrton, como passageiro, a bordo de aviões ou helicópteros, parecia
estar na pista. Não tinha medo de nada. Sua única pergunta aos pilotos, em
situações de vôo que pareciam mais delicadas, era:
- Dá pra chegar?
Se a resposta era sim, ele
não se preocupava mais com o assunto.
Júnior lembra que houve, no
entanto, pelo menos um susto no ar. Em 1989, Senna pilotava seu helicóptero,
levando amigos de São Paulo para a casa de Angra. Júnior estava ao lado. No
meio da viagem, o tempo fechou na serra do Mar.
Ayrton viveu momentos difíceis
depois de cometer um erro de avaliação sobre as condições de visibilidade.
Sem que os convidados a bordo
percebessem e, principalmente, sem transparecer qualquer sentimento de medo ou
pânico, Senna fez um pouso muito difícil no condomínio Portogalo. Ao contrário
do que fazia, seguiu direto para a casa, sem cumprimentar o administrador,
Matheus, e a mulher, dona Maria. Minutos depois, ao perceber que Ayrton tinha
se isolado num canto, olhando em silêncio para o mar, Júnior se aproximou e
cobrou:
- Você não acha que exagerou
hoje? A resposta de Senna, sério:
- E por que você acha que
estou aqui sentado até agora?
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O BREVÊ, UM SONHO ANTIGO
O BREVÊ, UM SONHO ANTIGO
“Ter conseguido, finalmente,
minha licença para pilotar helicópteros, um sonho antigo”. Ayrton Senna em
entrevista a Karin Sturm – Extraído do livro: Ayrton Senna: Sua vitória, seu
legado.
Licença de Piloto Privado de Helicóptero do
nosso ídolo Ayrton Senna. #PPH #ayrtonsennadobrasil #ídolo #H350 #senna
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DEPOIMENTO PAI DE AYRTON
SENNA
O Ayrton tinha muita
iniciativa. Fez 18 anos e no dia seguinte foi tirar a carteira de habilitação.
Foi ele quem descobriu e contratou o Tchê, seu mecânico nos tempos de kart.
Quando tirou o brevê para piloto de helicóptero, ele veio me mostrar o diploma.
Um pergaminho que hoje está na sala da Arystec (sigla de Ayrton Senna Técnica)
no aeroporto de Campo de Marte, em São Paulo. Olha, não sei como ele não pediu
para pilotar um dos supersônicos da FAB que os escoltaram quando ele regressou
tricampeão da Fórmula 1 e no qual depois voou como convidado.
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DEPOIMENTO ADRIANE GALISTEU
Ayrton Senna e Adriane Galisteu de Helicóptero
Passamos por poucas e boas, em
Angra, naquele helicóptero que ele guiava meio amalucado. Uma vez, foi a porta
do meu lado, co-piloto, que abriu, bem na hora em que passávamos entre os dois
cocorutos dos morros que formam a cidade. Ventou, o helicóptero deu de banda,
ele gritava "fecha, fecha", eu puxava, mas a porta resistia ao vento.
Ele me ajudou e pousamos em Portogallo empapados de suor. Pior ainda foi aquele
sábado em que ele absolutamente tinha de voltar a São Paulo e as nuvens negras
desceram sobre o litoral como naquelas tardes de outras tragédias ilustres.
Soube depois que ele consultou seu piloto em
São Paulo:
- Não vem que não dá - aconselhou nosso bom
Nelson.
- Mas tenho de ir.
E foi. Pior: comigo. Não se
enxergavam cinco metros à frente da perigosa serra do Mar, entre Parati,
Ubatuba e Caraguatatuba. Nuvens espessas e negras. Ele por assim dizer engatou
uma primeira - jogou tudo. Se passasse, ótimo: se não passasse, a ver. O
helicóptero ganhou altitude, ganhou altitude, foi subindo até que clac,
um estranho barulho e um mergulho para baixo. Ele ficou lívido. Agarrou-se
no controle e trouxe o aparelho até muito perto do mar, enquanto eu, sem tempo
sequer de invocar minha santa padroeira, só lembrava, em silêncio, daquele
acidente recente:
- Ulysses, não. Ulysses, não.
Ele disfarçou bem. Voando
baixo, explorou as brechas desenhadas entre as nuvens e acabou atravessando,
sem sobressalto, em direção a São Paulo, porto seguro. Desligou as hélices e
teve a reação mais natural de quem tinha passado por um aperto daqueles:
- Me espera aqui que vou
fazer pipi.
Na verdade, o campeão quase
tinha feito nas calças. Eu também.
***
ELE PILOTAVA TUDO QUE TIVESSE
MOTOR
Adriane se sentia segura quando o piloto era Ayrton Senna
Senna, um exímio piloto de... TUDO.
Embora tenha pavor de voar, Adriane Galisteu se sentia segura quando o piloto era Ayrton Senna. Ela confiava muito na condução dele, seja em helicópteros, motos, jetski, barcos, lanchas ou carros. A ponto de em certas ocasiões acompanhá-lo em vôos de helicóptero com o tempo horrível.
"Hoje vejo o quanto a gente se arriscava." Adriane Galisteu
Para Adriane, Senna era piloto com a plena definição da palavra, era viciado em adrenalina e não tinha nada que ele não soubesse guiar e sempre guiava muito perfeição.
Ayrton e Adriane sempre estavam juntos, seja de helicóptero, barco, jetski, cavalo... ou a pé.
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AYRTON SENNA ANALISA O PLANO
DE VOO DE SEU HELICÓPTERO
Foto: Norio Koike / Fanpage Facebook Ayrton Senna Oficial
Ayrton Senna era um eterno curioso, sempre querendo aprender algo novo. Por isso, adorava conhecer tudo sobre o funcionamento de helicópteros e aviões.
Nessa foto o tricampeão, que possuía brevê de piloto, analisa o plano de voo com o comandante Rocco, que à época pilotava seu helicóptero.
Nessa foto o tricampeão, que possuía brevê de piloto, analisa o plano de voo com o comandante Rocco, que à época pilotava seu helicóptero.
Ayrton Senna deixando o autodrómo de Interlagos com seu Helicóptero
Foto: Reprodução
Ayrton Senna pilotando seu helicóptero na companhia de sua namorada Adriane Galisteu em 1994
Foto: Gianni Giansanti
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora
Objetiva, 2004.
MARTINS, Lemyr.
Uma estrela chamada Ayrton Senna. São
Paulo: Editora Panda, 2001.
GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A.,
novembro de 1994.
Fanpage Oficial Ayrton Senna no Facebook
Fanpage Oficial Ayrton Senna no Facebook
STURM, Karin. Ayrton Senna:, Sua Vitória, Seu Legado. Tradução Paulo A.
Wengorski. Rio de Janeiro: Record, 1994.
VEJA MAIS FOTOS
Gostaria de reproduzzir esta matéria sobre meu eterno ídolo Ayrton para meu jornal no meu Blog Asas & Flaps, teria a licença de vocês ? muito agradeceria
ResponderExcluirClaro, fique a vontade. Abraço!
Excluirfiz varias viagens neste helicóptero do campo de marte até Tatuí,no comando o super competente comandante Rocco.
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