terça-feira, 15 de abril de 2014

Entrevista de Ayrton Senna Depois de Perder o Título Mundial de Kart - Jornal Motor

Ayrton comemorou muito no final das baterias pensando que era o campeão mundial de Kart daquele ano, depois veio a decepção ao saber que na verdade, pelas regras, o rival Peter Kone foi o campeão.


Motor – «Sena» da Silva, como lhe correu este campeonato do
mundo de 79? Você foi quase campeão.
Senna da Silva – Pois é cara, eu devia ser mesmo campeão, mas
não sou porque o regulamento está mal feito. Não compreendo como
é que vão buscar o resultado de uma eliminatória que tem menos
valor, e não contam com o resultado de uma final, que é muito mais
importante. Se fosse o desempate feito com o resultado da final que
nós não aproveitamos, o que dava certo, o campeão seria eu.
M – Mas aí a organização da prova não tem culpa.
SS – Para mim acho que tem, porque o director da prova, o sr.
Martins, é membro da CIK (Comissão Internacional de Karting) e
nessa qualidade não devia deixar que se fizessem coisas como esta.
Para mim está muito mal. O Kone andou muito bem, é bom piloto,
mas eu merecia ganhar.
M – «Sena», qual é a sua opinião da pista e da organização?
SS – A pista está muito boa. É muito difícil, mas o traçado é
muito bom. O piso é formidável, pois não se estraga com o calor e
o atrito dos pneus.
M – Mas há uns quantos ressaltos que por vezes alteram as trajetórias.
SS – Isso não é nada, pois a gente aqui faz um montão de corridas
e não fica machucado. Só na entrada e saída da recta da meta
há o ressalto que chateia um pouquinho, mas não dá para machucar.
Há pista na Europa onde a gente depois de uma corrida tem de
ir direito para o hospital porque está mesmo machucado de verdade.
Quanto à organização não foi muito má, mas aborreceu muito
o pessoal porque não respeitou o horário.

Senna da Silva sem papas na língua a não poupar críticas à
Comissão de Karting da então Fereração Internacional do Desporto
Automóvel (FISA), entidade com quem viria, anos mais tarde, a
alimentar uma guerra surda que quase o levou a abandonar a Fórmula
1, após os infames incidentes de Suzuka com Alain Prost nos
Grandes Prémios do Japão de 1989 e de 1990.

Mas aqui, no Estoril, Senna da Silva ainda estava longe dos
holofotes da fama e das manobras do todo-poderoso presidente da
Federação, Jean-Marie Balestre.

Os entusiastas portugueses presentes nesse mundial de karting
ficaram com o nome de Senna da Silva gravado na memória, mas
seriam necessários mais cinco anos para o endiabrado brasileiro
regressar ao Autódromo do Estoril e se transformar no maior fenómeno
de popularidade de um desportista estrangeiro no nosso país.

Quem esteve naquela tarde de setembro nas bancadas do Estoril
assistiu a um momento histórico, ainda que sem o saber.

LEIA A HISTÓRIA COMPLETA


FONTE PESQUISADA

Disponível em: <http://recursos.wook.pt/recurso?id=9647687>. Acesso em: 15 de abril 2014.

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