Ayrton comemorou muito no final das baterias pensando que era o campeão mundial de Kart daquele ano, depois veio a decepção ao saber que na verdade, pelas regras, o rival Peter Kone foi o campeão.
Motor – «Sena» da Silva, como
lhe correu este campeonato do
mundo de 79? Você foi quase
campeão.
Senna da Silva – Pois é cara,
eu devia ser mesmo campeão, mas
não sou porque o regulamento
está mal feito. Não compreendo como
é que vão buscar o resultado
de uma eliminatória que tem menos
valor, e não contam com o
resultado de uma final, que é muito mais
importante. Se fosse o
desempate feito com o resultado da final que
nós não aproveitamos, o que
dava certo, o campeão seria eu.
M – Mas aí a organização da
prova não tem culpa.
SS – Para mim acho que tem,
porque o director da prova, o sr.
Martins, é membro da CIK
(Comissão Internacional de Karting) e
nessa qualidade não devia
deixar que se fizessem coisas como esta.
Para mim está muito mal. O
Kone andou muito bem, é bom piloto,
mas eu merecia ganhar.
M – «Sena», qual é a sua
opinião da pista e da organização?
SS – A pista está muito boa.
É muito difícil, mas o traçado é
muito bom. O piso é
formidável, pois não se estraga com o calor e
o atrito dos pneus.
M – Mas há uns quantos
ressaltos que por vezes alteram as trajetórias.
SS – Isso não é nada, pois a
gente aqui faz um montão de corridas
e não fica machucado. Só na
entrada e saída da recta da meta
há o ressalto que chateia um
pouquinho, mas não dá para machucar.
Há pista na Europa onde a
gente depois de uma corrida tem de
ir direito para o hospital
porque está mesmo machucado de verdade.
Quanto à organização não foi
muito má, mas aborreceu muito
o pessoal porque não
respeitou o horário.
Senna da Silva sem papas na
língua a não poupar críticas à
Comissão de Karting da então
Fereração Internacional do Desporto
Automóvel (FISA), entidade
com quem viria, anos mais tarde, a
alimentar uma guerra surda
que quase o levou a abandonar a Fórmula
1, após os infames incidentes
de Suzuka com Alain Prost nos
Grandes Prémios do Japão de
1989 e de 1990.
Mas aqui, no Estoril, Senna
da Silva ainda estava longe dos
holofotes da fama e das
manobras do todo-poderoso presidente da
Federação, Jean-Marie Balestre.
Os entusiastas portugueses
presentes nesse mundial de karting
ficaram com o nome de Senna
da Silva gravado na memória, mas
seriam necessários mais cinco
anos para o endiabrado brasileiro
regressar ao Autódromo do
Estoril e se transformar no maior fenómeno
de popularidade de um
desportista estrangeiro no nosso país.
Quem esteve naquela tarde de
setembro nas bancadas do Estoril
assistiu a um momento histórico, ainda que sem o saber.LEIA A HISTÓRIA COMPLETA
FONTE PESQUISADA
Disponível em:
<http://recursos.wook.pt/recurso?id=9647687>. Acesso em: 15 de abril 2014.
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