quarta-feira, 5 de abril de 2017

Nuno Cobra Culpa a Pista


Nuno Cobra treinando Ayrton Senna pela última vez no começo de 1994

Folha de São Paulo, 02 de maio 1994

Muito emocionado e chorando, Nuno Cobra Ribeiro, 55, treinador físico de Ayrton Senna, atribui a morte do piloto às más condições da pista.

"Ayrton não queria correr. A pista não tinha caixa de brita e a batida foi em um paredão de concreto sem proteção de pneus", disse Nuno Cobra.

Para ele, o risco na Fórmula 1 aumentou quando a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) decidiu pela retirada da suspensão eletrônica e pelo estreitamento dos pneus.

Para Nuno Cobra, a FIA não pensa na segurança do piloto. E desabafou: "O homem, mais uma vez, fica como meio da avareza e da ganância. Fico revoltado com isso".

Ele treinava Senna há dez anos e três meses. Na sua opinião, Senna estava no seu melhor momento profissional. "A morte dele é uma perda irrecuperável para o Brasil".

Nuno Cobra soube do acidente pela televisão, enquanto assistia a corrida. "Não acreditei. É muito difícil para eu aceitar tudo isso. Estivemos juntos por muito tempo", afirmou.

Ele acredita que Senna era um ídolo para a juventude. "Ele era um exemplo de coragem, dedicação, trabalho e aplicação".

Parreira

Ayrton Senna havia prometido ao técnico Carlos Alberto Parreira, na semana retrasada, ir à Copa do Mundo torcer para o Brasil.

O encontro dos dois foi em Paris, onde a seleção jogou dia 20. Senna esteve no estádio Parc des Princes para assistir à partida. Deu o pontapé inicial.

"Conheci-o fugazmente, mas fiquei impressionado com seu carisma", disse o técnico. "Fico sem acreditar. Ele era um ídolo. Jovem, morreu de maneira estúpida.

O piloto afirmou em entrevista em Paris que aproveitaria a viagem para o GP do Canadá para ver algumas partidas do Mundial de futebol nos Estados Unidos.

(Aline Sordili e Mário Magalhães) 

O professor Nuno Cobra no velório de Ayrton Senna


FONTE PESQUISADA

SORDILI, Aline; MAGALHÃES, Mário. Nuno Cobra culpa a pista. Folha de São Paulo, São Paulo, 02 de maio 1994, Esporte, p. 12.
















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