Milton da Silva, pai de Ayrton Senna, com a ajuda de
seu outro filho, Leonardo, grampeou o telefone do piloto para separa-lo da
mulher que amava
Trecho extraído de Suite 200, livro escrito pelo jornalista e escritor italiano Giorgio Terruzzi:
Senna, entretanto, se
recolheu em seu motorhome e, a partir daí, pediu a Frank Williams, chefe da
equipe, para formular a direção da prova o pedido para cancelar a corrida,
convencido de que, para os pilotos, não havia condições de correr depois da
saída da pista de Barrichello e a morte de Ratzenberger. Um pedido
imediatamente rejeitado. Além disso, a reivindicação de usar o carro de
segurança para chegar ao lugar do incidente de Ratzenberger aumentou a tensão
nas suas relações com a Federação Internacional. Durante algum tempo, ele
estava convencido de que ele estava na presença de um sistema de um poder
tendencioso que não estava atento à segurança, não disposto a ouvir os pilotos
em geral, especialmente Ayrton Senna.
Nós o encontramos no
final da tarde. Ele escolheu as palavras com cuidado e seu rosto estava
amarrado, os nervos à flor da pele: "Eu consegui o melhor tempo, mas
isso não significa que tudo esteja bem. Esta pista é um desastre ... Os carros
são imprevisíveis, rápidos e difíceis de pilotar. Será um ano com muitos
acidentes e até acho que teremos sorte se não acontecer nada muito grave
".
Ayrton chamou a
Adriane Galisteu pelo telefone. Ela era sua namorada há pouco mais de um ano.
Ele a conheceu depois do Grande Prêmio do Brasil, em março de 1993, depois de
ter a notado entre as recepcionistas da Shell.
Adriane, orfã de pai desde
os 15 anos, tentava ajudar a mãe modelando ou participando de eventos
promocionais. Ayrton parecia exuberante e alegre, um contraste que ela achou
agradável. Ele imediatamente a convidou para seu refugio em Angra dos Reis, na
costa que separa São Paulo do Rio de Janeiro, experimentando um raro e de certa
forma misterioso entendimento [entre os dois. Mais do que uma atração]. Ele
estava disposto a cultivar essa relação nascida quase que por acaso, demostrou
isso através de seu comportamento imediatamente logo em seguida. Ayrton,
consciente de ter que lidar com uma família conservadora, muito atenta aos seus
movimentos, conseguiu retirar um trabalho fotográfico de Adriane para as
páginas da «Playboy», combinando a uma atitude protetora uma série de aparições
públicas que torna a relação explícita. Isso constituiu uma novidade em relação
ao passado e, ao mesmo tempo, uma fonte de perturbação para o pai Milton, um
homem habituado a exercer um controle estrito [rigoroso] sobre seu filho.
No momento do
telefonema, Adriane, que acabou de chegar do Brasil, estava em Sintra,
Portugal, na casa de Antônio Carlos de Almeida Braga, conhecido como
"Braguinha", um riquissimo banqueiro brasileiro, uma das pessoas mais
próximas de Senna. Braga, no entanto, estava em Imola na época.
Essa casa [do
Braguinha] era uma base européia para Ayrton há muitos anos. A voz de Senna
está enfraquecida, confusa: "Está tudo uma merda... Um austríaco... bateu
e morreu. Eu vi tudo. Ele morreu na minha frente. Sabe de uma coisa? Eu não vou
correr." Este foi um telefonema para o qual Adriane comentaria:
"Ayrton nunca me falou assim".
Era cerca de sete
horas da noite, quando Senna, do circuito, mudou-se para o Hotel Castelo em
Castel San Pietro Terme. Um hotel simples mas silencioso, rodeado de vegetação,
administrado pela família Tosoni, capaz de fazer com que esse convidado famoso
e agora amado se sinta em casa.
Ayrton sempre ocupou
o mesmo quarto, o número 200. Uma pequena suíte com quarto, banheiro e uma área
de estar em que havia uma mesa e uma cama usada todas as noites para massagem,
praticada pelo estremamente gentil Josef Leberer, fisioterapeuta austríaco, ao
lado de Senna por seis anos. Frank Williams alojou-se exatamente debaixo dele,
Suite 100; Ron Dennis, chefe da McLaren, foi colocado no terceiro andar, Suite
300.
Pela primeira vez, naquela noite, Leberer
foi dispensado da massagem. Era seu aniversário e também era um momento muito
ruim para ele, um compatriota e um amigo de Ratzenberger. Mas a verdadeira
razão para essa mudança de programa era outra. Leonardo, o irmão mais novo de
Ayrton, trouxe algo do Brasil que exigia cautela, privacidade. Uma fita
gravada. Adriane conversa com um ex-namorado por telefone no apartamento de
Senna em São Paulo.
O fato de o registro se encontrar naquele
quarto de hotel indicava pelo menos duas coisas. O primeiro: os tons e as
palavras de Adriane continham ambigüidade óbvia, talvez desencadeada pelo
ex-namorado que se declarou melhor do que Ayrton entre os lençóis. O segundo: a
determinação da família Senna em assegurar que o relacionamento fosse
interrompido era tão firme quanto a chegar a um gesto sem-vergonha [de grampear
o telefone de Senna e ir mostrá-lo em um dia tão fatal]. E foi o próprio
Leonardo, o protagonista da reunião tensa e dolorosa na suíte, que seguiu em
frente o assunto, independentemente do que aconteceu algumas horas antes na
pista.
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Só uma correção: os tons e as palavras de Adriane na gravação não continham ambiguidade alguma como o também biógrafo Ernesto Rodrigues contou em uma entrevista a revista Veja (edição 1849 de 14 de abril de 2004).
"Uma
besteira. Braguinha afirmou que Nada na fita sugeria que Adriane estivesse
traindo Senna ou mesmo que tivesse concordado com o comentário machista do
ex-namorado."
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Era cerca de nove
horas daquela noite, Ayrton chamou uma segunda vez Adriane, que mesmo momento
tinha chegado à casa no Algarve. A conversa foi relatada no livro Caminho das
Borboletas, escrito pela própria Adriane e publicado em 1994.
"Eu quero te dar
umas palmadas".
"Umas palmadas?
Por quê?".
"Tenho muitas coisas para lhe dizer, propor, oferecer. [Domingo] Eu devo chegar
às oito e meia da noite. Quero passar a noite acordado. Falaremos até o
amanhecer. Quero convencer você de que sou o melhor homem da sua vida ".
"Você não conhece os outros ..." (brincando).
"Quero provar que eu sou o melhor".
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Senna, intanto, si
era ritirato nel suo motorhome e da lì aveva chiesto a Frank Williams, capo
della squadra, di formulare alla direzione corsa la richiesta di annullare la
gara, convinto com’era che per i piloti non esistessero le condizioni per
correre dopo l’uscita di pista di Barrichello e la morte di Ratzenberger. Una
richiesta immediatamente respinta. In aggiunta, la pretesa di utilizzare la
safety car per raggiungere il luogo dell’incidente di Ratzenberger aveva
aggiunto tensione ai suoi rapporti con la Federazione internazionale. Da tempo
si era convinto di trovarsi al cospetto di un sistema di potere fazioso non
attento alla sicurezza, per niente disposto ad ascoltare i piloti in generale,
Ayrton Senna in particolare.
Lo incontrammo a fine
pomeriggio. Sceglieva le parole con attenzione e aveva la faccia annodata, i
nervi a fior di pelle: «Ho ottenuto il miglior tempo ma non vuol dire che vada
tutto bene. Questa pista è un disastro… Le macchine sono imprevedibili, veloci
e difficili da guidare. Sarà un anno con molti incidenti e penso addirittura
che avremo fortuna se non accadrà nulla di molto grave».
Ayrton chiamò Adriane
Galisteu al telefono. Era la sua compagna da poco più di un anno. L’aveva
conosciuta dopo il Gran premio del Brasile, fine marzo 1993, dopo averla notata
tra le hostess della Shell.
Adriane, orfana di
padre dall’età di quindici anni, cercava di dare una mano alla madre facendo la
modella in alcune sfilate di moda o partecipando a eventi promozionali. A Ayrton
sembrò esuberante e sbarazzina, un contrasto che trovava gradevole. L’aveva
immediatamente invitata nel suo rifugio di Angra dos Reis, sulla costa che
separa San Paolo da Rio de Janeiro, sperimentando una rara e per certi versi
misteriosa intesa. Che fosse intenzionato a coltivare quel rapporto nato quasi
per caso lo dimostrarono i suoi comportamenti immediatamente successivi.
Ayrton, consapevole di avere a che fare con una famiglia conservatrice,
attentissima alle sue mosse, riuscì a far ritirare un servizio fotografico di
Adriane destinato alle pagine di «Playboy», abbinando a un atteggiamento
protettivo una serie di apparizioni in pubblico tali da rendere esplicita la
relazione. Il che costituiva una novità rispetto al passato e, allo stesso
tempo, una fonte di disturbo per papà Milton, uomo abituato a esercitare un
severo controllo sul figlio.
Al momento della telefonata, Adriane,
appena arrivata dal Brasile, si trovava a Sintra, Portogallo, nella casa di
Antônio Carlos de Almeida Braga, detto «Braguinha», ricchissimo finanziere
brasiliano, una delle persone più vicine a Senna. Braga, peraltro, era a Imola
in quel momento.
Quella casa era stata
per molti anni una base europea per Ayrton. La voce di Senna è spezzata,
confusa: «È tutta una merda… Un austriaco… ha sbattuto ed è morto. Ho visto
tutto. È morto davanti a me. Sai una cosa? Non voglio correre». È una
telefonata che Adriane commenterà così: «Ayrton non mi aveva mai parlato in
quel modo».
Erano circa le sette di sera quando Senna,
dal circuito, si trasferì all’Hotel Castello di Castel San Pietro Terme. Un
albergo semplice ma tranquillo, immerso nel verde, gestito dalla famiglia
Tosoni, capace di far sentire a casa quell’ospite celebre e, ormai, amatissimo.
Ayrton occupava sempre la stessa stanza,
la numero 200. Una piccola suite con camera da letto, bagno e una zona salotto
nella quale erano sistemati uno scrittoio e un lettino utilizzabile ogni sera
per il massaggio, praticato dal fidatissimo Josef Leberer, fisioterapista
austriaco, al fianco di Senna da sei anni. Frank Williams alloggiava esattamente
sotto di lui, Suite 100; Ron Dennis, capo supremo della McLaren, era stato
sistemato al terzo piano, Suite 300.
Per la prima volta, quella sera, Leberer
fu dispensato dal massaggio. Era il suo compleanno ed era un momento molto
negativo anche per lui, connazionale e amico di Ratzenberger. Ma la vera
ragione di quel cambio di programma fu un’altra. Leonardo, fratello minore di
Ayrton, aveva portato dal Brasile qualcosa che richiedeva cautela,
riservatezza. Un nastro registrato. Adriane che conversava con un ex fidanzato
dal telefono dell’appartamento di Senna, a San Paolo.
Il fatto
che la registrazione si trovasse in quella camera d’albergo indicava almeno due
cose. La prima: i toni e le parole di Adriane contenevano ambiguità palesi,
innescate forse dall’ex fidanzato che si dichiarava migliore di Ayrton tra le
lenzuola. La seconda: la determinazione della famiglia Senna nel far sì che
quel rapporto venisse interrotto era talmente ferma da arrivare a un gesto così
sfrontato. Ed era proprio Leonardo, protagonista dell’incontro teso e penoso
nella suite, a portare avanti la faccenda, incurante di ciò che era avvenuto
poche ore prima in pista.
Erano circa le nove di quella stessa sera, Ayrton
chiamò una seconda volta Adriane che nel frattempo aveva raggiunto la casa
nell’Algarve. La conversazione è stata riportata nel libro Caminho das
Borboletas, scritto dalla stessa Adriane e pubblicato nel 1995.
«Ho voglia di darti una sberla».
«Una sberla? Perché?».
«Ho molte
cose da dirti, da proporti, da offrirti. [Domenica] dovrei arrivare verso le
otto e mezza di sera. Voglio passare la notte sveglio. Parleremo fino all’alba.
Voglio convincerti che sono il miglior uomo della tua vita».
«Tu non
conosci gli altri…» (in tono scherzoso).
«Voglio
provarti che sono il migliore».
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FONTE PESQUISADA
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