O prazer triunfou. Angra, a
Quinda, as guloseimas da Maria, litros e litros de Coca-Cola e o afeto do dono
da casa. No banco traseiro do carro que nos levou ao helicóptero, notei um
pacotinho quadrado, embrulhado para presente. O pacotinho sumiu, para reaparecer,
um dia, em cima do meu travesseiro - um perfume Samsara. Ele acertou. O
travesseiro, diga-se, ficava na cama dele - agora, já sem nenhum subterfúgio,
na nossa cama. De surpresa, ele preparou uma linda festa de aniversário para
mim, de sábado para domingo. Os amigos foram, apareceu o Leonardo com sua nova
namorada, a Sonaly, uma meninona de 1,80 metro também da Elite, os
ilhéus de Angra aportaram seus barcos, elegantíssimos. Béco me apresentou, um a
um. Era meu namorado. Embora tenha hoje 21 anos, sou da época em que se dizia
assim: meu namorado.
O melhor presente que recebi,
naquele dia, naquela noite, além do perfume francês, além do relógio Tag Heuer
que ele me deu, com uma picada de ironia, além do bolo com velas da Maria,
além do banho de piscina de roupa e tudo, provocado pelos amigos - passaporte
oficial de meu ingresso na turma -, foi a certeza de um amor que
desabrochava, sem medo e sem limite. Nós dois tínhamos futuro, pensei. A festa
enluarada em Angra atropelou minha cautela. Estava tão eufórica que pensava:
nada, mas nada mesmo, iria interromper nossa felicidade.
FONTE PESQUISADA
GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A.,
novembro de 1994.
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