sexta-feira, 7 de junho de 2013

CAMINHO DAS BORBOLETAS - Adriane Galisteu assiste com a avó uma corrida de Ayrton Senna



Não tinha a menor idéia do que vinha a ser diferencial e achava que suspensão era quando o diretor da escola proibia um aluno mais atrevidinho de assistir às aulas por alguns dias. Mas me importava saber daquela adorável criança de 33 anos que, ao me  ver levá-la até a escada do avião, para a viagem até Donington, o GP da Inglaterra, a ser disputado no domingo seguinte, ainda tinha olhos para meu vestido branco, de flores pretas:
- Nossa, como você está bonita! - ele me cortejou, antes do beijo de despedida.
Eu não me ligava no ás das pistas - perdão, não tinha me ligado até aquele dia. Pois, no domingo de Páscoa, 11 de abril, eis-me colada na telinha, unindo minha  torcida à da minha avó fanzoca, roendo as unhas, chutando a mesinha de centro - e, depois, festejando aos berros, com o Brasil inteiro, a vitória do meu Ayrton, depois de arriscadíssimas ultrapassagens na chuva. Senti que era o Béco, no pódio, brincalhão como nunca, abraçando aquele que eu descobri semanas depois ser o Jô Ramirez, chefe da escuderia McLaren, dando um banho de champanhe no Giorgio Ascanelli, engenheiro-projetista, que seria rival no ano seguinte mas não deixou de ser amigo até os últimos dias. Cheguei a pensar, com egoísmo:

- Quem sabe eu não tenho a ver também com um pouco da felicidade dele?

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